domingo, 5 de setembro de 2010

Angústias


O tempo me angustia
As pessoas me angustiam
O espelho me angustia
Esses pensamentos tortos
Essas conjcturas, o silêncio, a inércia
As palavras soltas sem verbo de ligação
Artigo ou concordância
Palavras que flutuam em algum lugar aqui dentro
Mas que eu não sei onde é
E tudo que é efêmero e superficial.
Meu corpo
Meu corpo me angustia
Que paredes são essas que me predem?
Que limitam meu tempo aqui no mundo
Que armadura é essa que torna
Possível as minhas ações aqui na vida?
Meu corpo, fantoche meu, coisa que com o tempo se definha,
coisa frágil que se quebra, que morre.
O que farei quando não houver mais nesse corpo pulsação?
Quando todos os orgãos não mais funcionarem,
Quando a carne apodrecer, o que farei??
Pois sei que não me resumo apenas a isso
Pressinto minha eternidade
Eu sou alma, eu sou espirito
Esse corpo é só uma frágil embalagem
Mas sem ele eu sou fantasma
Alma penada, que haverá de penar por aí
Que angústia!
Pena-se na vida, pena-se na morte, pena-se além da morte?
Angústia, angústia, angústia
Angústia quando não puder mais tocar
Os cabelos das meninas
Nem beijar a face da amiga
A boca amante
O corpo da alma errante
Ou receber os afetos da alma amada
Angústia, angústia, angústia
Angústia dessa urgencia de viver
De ver os filhos crescidos
De experimentar sabores
Conhecer lugares, pessoas
Viver amores
Angústia!
Angústia de estar e não ser.

Nenhum comentário: