quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Desencanto



Eu faço versos como quem chora


De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.



Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.



E nestes versos de angústia rouca

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.



- Eu faço versos como quem morre.



(Manuel Bandeira)

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